Gente das Vertentes

Irmã Gema

publicado: 30/03/2020 14h01, última modificação: 30/03/2020 14h01

 “Nós cativávamos as pessoas aos poucos. Daí o interesse em participar e aprender.” Esta frase dita pela Irmã Gema, durante uma entrevista para o site da Diocese de São João del-Rei reflete o zelo que a religiosa dedicava a todas as obras sociais que criou ou que auxiliou durante os anos que morou na cidade. Apesar de não ser uma são-joanense natural, ela escolheu a terra dos sinos para se estabelecer e atuar.

Nascida em 07 de março de 1911, no município espanhol de El Ferrol, Irmã Gema foi batizada como Ramona Ferraces Seijo. Filha de um oficial da Marinha espanhola, Ramona tinha oito irmãos, e todos foram, desde crianças, apresentados as práticas religiosas. Foram esses ensinamentos que a levaram – juntamente com duas de suas irmãs – ao caminho sacro.

Em 1936, quando Ramona tinha 25 anos, o jornal “La Merced”, da Venerável Ordem Terceira e Confradias de Madrid, publicou uma notícia informando que ela e mais três moças tomaram o Santo Hábito. Daquele período em diante, Ramona Ferraces Seijo passou a ser chamada como Sor. Gemma de Jesús.

Durante o período em que estava em preparação para se tornar religiosa e, quando de fato alcançou tal título, Irmã Gemma estava envolta pelas calamidades da Guerra Civil Espanhola. Com o intuito de se tornar missionária, a religiosa, que se encontrava no convento de Zumárraga, no País Basco, decidiu se mudar para o Brasil.

Gemma, acompanhada de outras freiras e irmãs de caridade, saiu da Espanha de trem com destino a Portugal – uma escala necessária, já que os portos da Espanha tinham minas e outras consequências dos conflitos que ocorriam no país. O grupo saiu de Lisboa em um navio e, em 20 de julho de 1938, desembarcou no Rio de Janeiro, no porto de Niterói.

Em terras brasileiras, a irmã teve a ortografia do seu nome alterada para Gema, com apenas um M. No novo país, a religiosa trabalhou em diferentes locais, como Campos do Jordão, Recife, Panamá e São João del-Rei. E foi nesta histórica cidade mineira que a irmã decidiu se estabelecer.

Em solo são-joanense, Irmã Gema, que era parte da Congregação das Mercedárias da Caridade, iniciou suas obras sociais nos anos 1940. Uma de suas primeiras iniciativas foi auxiliar na construção do Hospital do Nossa Senhora das Mercês. A religiosa se comprometeu e arrecadou contribuições para a obra e, em 1949, a instituição foi parcialmente aberta – assim permanecendo por uma década, antes de ser oficialmente inaugurado.  

Sua atenção, então, voltou-se para o bairro Tijuco. Inicialmente, começou oferecendo aulas de corte e costura para as moças que estavam interessadas em aprender o ofício. Ao mesmo tempo, ela servia sopa às crianças carentes da região. O seu trabalho foi crescendo e logo ela construiu o espaço “Obras Sociais da Irmã Gema”, onde prestava auxílio aos necessitados. Outro feito, a criação do Centro Infantil Celina Viegas, também no Tijuco, foi fruto do empenho de Irmã Gema, com a cooperação da Associação de Moradores e Amigos do Bairro São José Operário.

A Irmã Gema permaneceu em São João del-Rei tocando as obras sociais que criou e também prestando ajuda aos mais desfavorecidos. A religiosa também se dedicou em preparar outras pessoas para que pudessem dar continuidade às iniciativas que criou.

Aos 104 anos, Ramona Ferraces Seijo, a Irmã Gema, faleceu no dia 28 de maio de 2015, devido a uma pneumonia. Suas obras, até hoje, continuam atuantes na assistência aos mais necessitados.

Com informações de:

Entrevista feita com a Irmã Gema para a TV Campos de Minas

Irmã Gema: exemplo de vida

Especial 300 Anos: Ah! Essas mulheres são-joanenses ou que adotaram São João del-Rei como sua terra e aqui transformaram vidas, mudaram rumos e fizeram história…

Conheça as Mercedárias da Caridade e o trabalho realizado em São João del-Rei

O ‘adeus’ a Irmã Gema

Irmã Gema morre aos 104 anos em São João

http://www.emaus.org.br/sao-joaodelrei/index.php/canais/noticias/item/350-nota-de-falecimento-irma-gema

Nota de falecimento: irmã Gema