Dia Mundial do Rádio

Dia Mundial do Rádio – Juiz de Fora pioneira na radiodifusão em Minas

Cidade foi sede da 1ª emissora de rádio instalada no estado, há quase um século.

publicado: 12/02/2021 20h17, última modificação: 12/02/2021 20h17

O rádio está presente em nossas vidas trazendo informações e entretenimento desde o início do século passado, carregando história e refletindo os traços da nossa sociedade ao longo dos anos. Em nossa região, Juiz de Fora é pioneira no assunto, já que de lá saiu a primeira emissora de Minas Gerais a embarcar nessa tecnologia.

Não existiam equipamentos, regulamentação ou retorno financeiro. Apenas um grandioso empenho de pessoas que, movidas por um sonho, fizeram com que surgissem as primeiras emissoras de rádio em nossa região.

Em janeiro de 1926, o jornalista José Pinto Cardoso Sobrinho instalou a Rádio Sociedade, considerada a primeira emissora de rádio do estado. Construída com recursos próprios, fez suas primeiras transmissões em casa e instalou também um alto-falante em cima do edifício O Farol. Nesta época, estima-se que as poucas emissoras de rádio existentes estavam presentes em cerca de 30 cidades brasileiras, transmitindo para cerca de 200 mil aparelhos de rádio.

Para manter os custos da emissora que não tinha fins lucrativos, Cardoso Sobrinho convidou um grupo de amigos para fundar uma sociedade. Foram 28 membros aprovando o estatuto da rádio que por duas décadas foi a única emissora em funcionamento na cidade. 

Em 1930, o Governo Federal não possuía equipamentos para comunicação militar e então a rádio foi usada para tal fim. A emissora chegou até a fornecer peças para o Exército. Posteriormente, o Estado tornou-se acionista dela e 7 anos mais tarde a rádio passou a adotar o prefixo PRB-3, possuindo duas faixas horárias para transmissão.

A programação da rádio juiz-forana era composta por músicas clássicas e notícias extraídas de jornais, ganhando destaque ao transmitir radionovelas, celebrações da cidade e coberturas eleitorais. Foi perdendo espaço com a chegada da televisão, no fim da década de 50. Com isso, o conteúdo e a direção da rádio passaram por inúmeras transformações até que, em 2008, todos os programas são retirados do ar e dão espaço para apenas músicas. 

A partir de 2012, a programação é reformulada e os programas tradicionais voltam a ter destaque – como Ronda Policial e Rádio Vivo. Uma unidade móvel de jornalismo passa a atuar e voltam também os programas esportivos, suspensos desde 1999. 

Em 2014 a rádio assina contrato com o Sistema Globo de Rádio e a partir do ano seguinte torna-se CBN Juiz de Fora. De lá pra cá, são infinitas as transformações testemunhadas pelo rádio, que narra todo o percurso da sociedade através de sua própria manifestação, apresentando-se democraticamente a públicos cada vez mais pluralizados. 

Considerando que o rádio é o meio de comunicação mais acessível à população, a Rádio Favela, fundada em 1979, exemplifica o poder de formação cultural e identitária que o veículo promove. A emissora do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, atuou com o objetivo de propor conscientização e diminuir a criminalidade na área de 11 favelas. 

A atuação era pirata, até que finalmente recebeu autorização do Governo para funcionar. O trabalho educativo dos fundadores já foi reconhecido pelo The Wall Street Journal e premiado em Milão, como o “Melhor Programa de Rádio Alternativo”. Seu trabalho de prevenção ao tráfico também já recebeu o “Prêmio Mundial sem Drogas”, pela ONU. 

Mesmo com a audiência da TV, a ascensão da Internet, as telas dos smartphones e o domínio das programações comerciais, o rádio permanece como referência no fomento à cultura, informação e educação. 

Fontes:

RODRIGUES, Luiz Pedro. Show do Rádio: pessoas e fatos ligados ao rádio de Minas Gerais. Belo Horizonte: Armazém de Idéias, 2º ed, 2005.

https://pt.wikipedia.org/wiki/CBN_Juiz_de_Fora

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq23079803.htm

https://www.abert.org.br/web/notmenu/kantar-ibope-divulga-pesquisa-sobre-radio-no-brasil.html