No Brasil, o Dia do Folclore é comemorado em 22 de agosto, ocasião que incentiva e relembra histórias contadas desde tempos primordiais, passando de geração em geração. O termo folclore surgiu em 1846, quando o escritor William John Thoms cita a palavra “folklore” = folk (popular) + lore (cultura), para descrever manifestações culturais populares típicas de cada região.
O folclore brasileiro é rico em saberes tradicionais e acolhe traços de culturas únicas, servindo como importante referência de aprendizado nas Ciências Humanas e Sociais, principalmente no ensino infantil. Por isso, o Museu Regional separou 5 lendas nacionais pouco divulgadas. Quantas delas você já conhecia?
Salamanca do Jarau
Teiniaguá, uma salamanca com aspecto de lagarto e cabeça de fogo, emergiu do fundo de um lago onde um sacristão se refrescava em um dia quente. A criatura foi aprisionada por ele num recipiente fabricado a partir do chifre bovino, conhecido como guampa. A lenda aponta que a besta transformou-se em uma linda princesa virgem e pediu vinho ao sacristão, uma cena que se repetiu por diversas noites, chamando a atenção dos padres que, intrigados, passaram a investigar. Passaram muitas noites juntos, até que os sacerdotes invadiram o local num flagrante que resultou ao sacristão sua prisão e condenação à morte, enquanto ela transformou-se novamente em lagarto e fugiu em direção ao Rio Uruguai. No dia marcado para a execução, Teiniaguá sentiu-se atordoada e voltou para salvá-lo e, juntos, fugiram para as matas! Deslocaram-se para o Cerro do Jarau, uma cadeia de morros com cerca de 200 metros de altura entre o Brasil e o Uruguai, onde tornaram-se pais dos primeiros habitantes do Rio Grande do Sul.
Uirapuru – Irapuru
Conta a história de Quaraçá, um índio guerreiro de uma tribo amazônica que tocava flauta pelas florestas e nutria forte paixão por Anahí, mulher do cacique. O amor impossível incomodou o chefe da aldeia, fazendo com que o jovem partisse aos prantos pela floresta, despertando a atenção do deus Tupã que empenhou-se em diminuir seu sofrimento, transformando-o em wirapu’ru, um lindo pássaro com canto inigualável. Agora ele podia voar e proporcionar melodias de amor à Anahí, que ficava encantada com as aparições. O cacique tentou capturá-lo, perseguiu mata adentro, perdeu-se e nunca mais foi visto, deixando a mulher sozinha junto ao conforto do canto de Quaraçá enfeitiçado no corpo do pássaro “rei do amor”, na esperança de que um dia ela descubra sua real identidade.
Negrinho do Pastoreio
De origem afro-cristã, a lenda fala de um menino escravo castigado pelo fazendeiro ao perder um cavalo. Além de espancado, o pequeno foi abandonado em um formigueiro, completamente nu e ensanguentado, até que no dia seguinte, apareceu completamente saudável, sem marcas de chicotadas, ao lado de Nossa Senhora, o cavalo desaparecido e vários outros. O homem, em choque, se pôs ao chão pedindo perdão, enquanto o menino montou no cavalo e galopou junto à manada pelo pastoril com as bênçãos da Santa, cena que tropeiros e mascates juraram ver na região, inspirando orações e pedidos para encontrar objetos perdidos, entregando apenas a quem acendesse uma vela e levasse ao altar de sua madrinha.
Pisadeira
Essa figura feminina possui aparência assustadora, olhos vermelhos, semblante macabro e dedos e unhas compridas. De acordo com a lenda que aparentemente surgiu no Sudeste, nos estados de Minas Gerais e São Paulo, trata-se de uma mulher maligna que fica na espreita dos telhados esperando pelas vítimas que dormem de barriga cheia. Em seguida, revela-se pisando no peito da pessoa, paralisando-a, numa descrição semelhante aos fenômenos de paralisia do sono, incapacitando temporariamente o corpo de se mover ou falar, deixando a pessoa consciente e apavorada.
Moñai e Porâsy
Segundo a mitologia guarani, Moñai é um dos sete monstros lendários. Conhecido como “Senhor do Ar”, por possuir pares de chifres que funcionam feito antenas, o ser é capaz de hipnotizar e dominar as matas, além de escalar árvores para se alimentar. Continuamente roubava pertences das aldeias e escondia em cavernas, fazendo com que os povos se acusassem mutuamente, gerando discórdia. As brigas cessaram somente quando os habitantes se uniram para ir atrás do malfeitor. Para a captura, uma linda índia chamada Porâsy fingiu estar apaixonada por Moñai, propôs casamento e demonstrou interesse em conhecer os outros irmãos Mboi Tu’i, Jaci Jaterê, Kurupi, Luison e Ao Ao. Durante a cerimônia, Porâsy tentou fugir da caverna , foi impedida por Moñai e ficou presa junto a eles. Ela gritou aos companheiros para que queimassem a caverna com ela dentro. Tal sacrifício comoveu os deuses que a transformaram na Estrela d’Alva, destinada a acender a luz da aurora.