O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS?

o coronavírus e o mundo atual

publicado: 10/07/2020 14h17, última modificação: 21/07/2020 17h30

O Coronavírus chegou oficialmente ao Brasil em março. Sua presença significou uma mudança brusca no modo de vida em todos os estados, para todos os brasileiros. As escolas pararam, férias foram adiantadas, o isolamento social a única força contra uma ameaça invisível e nova, que parou o mundo.

Mesmo depois de quatro meses, alguns ainda se pergunta se é realmente necessário tudo isso. Se essa microscópica ameaça é tudo que dizem que é. Alguns ainda se perguntam o que é, como age ou por que se luta contra ele da forma como, atualmente, se está lutando.  Os tópicos a seguir foram escritos com a função de jogar luz sobre esse momento sombrio.

O QUE É E COMO AGE O CORONAVÍRUS?

Os coronavírus são micro agentes infecciosos, comuns na natureza e que podem infectar diversos tipos diferentes de animais, dependendo de sua especialidade. Ou seja, um coronavírus que ataca o organismo de um cachorro é incompatível com o organismo de um ser humano. No entanto, mutações genéticas podem acontecer a cada novo processo de reprodução. De forma totalmente aleatória, uma dessas mutações pode dar ao vírus a capacidade de se adaptar e contaminar o corpo humano.

O primeiro coronavírus capaz de infectar pessoas foi descoberto na Inglaterra em 1964. Desde então, foram encontrados outros seis tipos destes vírus capazes de atacar o ser humano – totalizando sete coronavírus humanos, todos evoluídos de outros animais.

A nova doença que se espalhou pelo mundo, a covid-19, é causada pelo último coronavírus descoberto, em dezembro de 2019, na China. Este novo vírus foi denominado de SARS-CoV-2 – por ser o segundo coronavírus conhecido causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Este novo coronavírus pode invadir o corpo através da boca, do nariz ou dos olhos. Uma vez dentro do organismo, o SARS-CoV-2 se aloja no sistema respiratório, atacando as células da mucosa nasal e da garganta, podendo chegar aos pulmões. A infecção pode causar coriza, dor de garganta, febre e, nos casos mais graves, pneumonia com intensa falta de ar – podendo levar à morte.

POR QUE O ÁLCOOL E O SABÃO ELIMINAM O CORONAVÍRUS?

O “corpo” do coronavírus é uma estrutura simples. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ele é formado apenas por seu material genético protegido por uma pequena cápsula composta de gordura e proteína. A gordura serve para manter a estrutura unida, enquanto as proteínas são as chaves que ele usa para invadir as células do corpo. Sabendo disso, como sabão e o álcool podem ajudar?

Uma das principais utilidades do sabão, do sabonete ou do detergente, é a limpeza e retirada de gordura. As moléculas do sabão atraem com facilidade as moléculas da gordura, fazendo com que elas sejam facilmente levadas pela água. No caso do vírus, as moléculas do sabão atraem a gordura de sua membrana externa, quebrando a cápsula e liberando as proteínas que a envolvem. Dessa forma, o material genético do vírus fica exposto e, sem as “chaves” de proteínas, ele perde sua capacidade e invadir as células humanas.

Já o álcool age de uma forma bem semelhante, desestruturando as proteínas e gorduras da membrana viral. Mas, independentemente de ser gel ou líquido, o álcool só é útil quando sua concentração está entre 60% e 80%. Acima disso, o álcool evapora muito rápido e não tem tempo de agir. Abaixo disso, a concentração é muito pequena e pode não atingir o vírus.

Enquanto não há uma vacina ou medicamento, a Organização Mundial da Saúde recomenda o isolamento e a higiene como as formas mais eficazes de combate à covid-19. Lave as mãos sempre que tiver contato com outras pessoas ou objetos de uso coletivo: isso ajuda a proteger você e aqueles à sua volta.

QUEM PODE CONTRAIR O NOVO CORONAVÍRUS?

Todos têm chances iguais de se contaminar com o novo coronavírus (SARS-CoV-2, causador da covid-19). Por ser um vírus novo, que nunca havia antes atacado o ser humano, não existe ninguém que lhe seja imune.

Quando dizem que idosos correm maior risco, isso se refere ao agravamento da doença. Ou seja, todos podem se contaminar com o vírus, porém idosos e pessoas com outros problemas de saúde (diabetes, hipertensão, asma, fumantes, gestantes) têm mais chances de desenvolver a forma grave da covid-19. Porém os jovens também devem se preocupar, não apenas com a própria saúde, mas também com a transmissão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos infectados podem desenvolver uma forma leve e assintomática da doença. Ou seja, 8 a cada 10 contaminados podem estar transmitindo o vírus sem nem sequer saber que o possui.

Ainda baseado em dados da OMS, aproximadamente 20% dos infectados com o novo coronavírus podem necessitar de assistência médica e hospitalar. Cerca de ¼ dos pacientes hospitalizados (ou seja, 5% do total de contaminados) pode desenvolver a forma mais grave e necessitar de suporte para o tratamento de insuficiência respiratória. Esse último estágio possui alta taxa de letalidade.

Daí a importância do isolamento e dos cuidados para evitar a contaminação. Quanto mais pessoas pegarem, mais leitos hospitalares serão ocupados ao mesmo tempo e menos pessoas poderão ser atendidas de forma adequada – o que pode aumentar a taxa de letalidade da doença. Ou seja, pacientes que poderiam ser salvos em um hospital, não terão vaga para serem tratados.

PARA QUE SERVEM O ISOLAMENTO E AS MÁSCARAS?

O isolamento social é uma das principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). A quarentena, como ficou conhecida, atua diretamente na diminuição do número de novos doentes – já que o vírus é transmitido pelo ar a curtas distâncias (no máximo 8m) ou através do contato direto com pessoas ou locais contaminados.

Como o SARS-CoV-2 é um vírus novo, nenhum ser humano do planeta possui anticorpos capazes de se defender deste invasor. Devido a isso e a características do próprio vírus, sua taxa de transmissão é muito alta, podendo contaminar muitas pessoas ao mesmo tempo. Segundo a OMS, cerca de 20% desses infectados necessitam de algum tipo de atendimento hospitalar, enquanto 5% desenvolvem a forma mais grave da doença e acabam por ocupar leitos de UTI.

Em resumo: muitas pessoas podem se contaminar ao mesmo tempo, mas não existem leitos suficientes para todas. Daí a importância da quarentena: quanto menos pessoas para atender ao mesmo tempo, mais médicos, enfermeiros e equipamentos vão estar disponíveis para o tratamento daqueles que tiverem os quadros mais graves. Com tratamento adequado, o número de mortes pela covid-19 pode ser bem menor.

Para aqueles que, em algum momento do dia, tiverem que sair de casa, o Ministério da Saúde recomendou o uso de máscaras. Este acessório não impossibilita o contágio, mas diminui consideravelmente a possibilidade de transmissão do vírus, já que dificulta as dispersões das gotículas provenientes do nariz ou da boca durante o espirro, tosse ou uma simples conversação. De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), o uso da máscara pode ter uma eficácia de até 97% na quebra de propagação do vírus.