O copo americano faz parte do nosso cotidiano e já se tornou um dos símbolos da cultura brasileira. Mas, você sabia que o dono dessa invenção é um são-joanense?
Nadir Dias de Figueiredo nasceu em 1891, na cidade de São Joaõ del-Rei. Vindo de uma família modesta, mudou-se jovem para São Paulo com o objetivo de encontrar novas oportunidades junto com os irmãos. Trabalhou nas oficinas da Família Guinle e, em 1912, no Largo do Tesouro, inaugurou um negócio ligado a reparos de máquinas de escrever, após pegar um empréstimo de 20 mil réis com um tio.
O início de sua carreira como industrial e empresário, ocorreu pouco tempo depois, em 1913, quando entrou em contato com o mercado de aparelhos elétricos e iluminação, junto com os irmãos Morvan e Zely Dias de Figueiredo.
Na década de 30, Nadir decidiu investir na indústria de utensílios de vidros e comprou a fábrica Cristaleira Baroni, que passava por dificuldades financeiras. Ela, então, deu origem a empresa Nadir Figueiredo, alcançando relevância a nível mundial.
Nos anos seguintes, Nadir Figueiredo começou a desenvolver um utensílio multiuso que atendesse as necessidades da população brasileira e que tivesse um baixo custo. Daí surgiu a ideia do desenho do copo americano, que acabou ganhando esse nome por causa do maquinário importado dos Estados Unidos que foi utilizado para a produção dos copos.
A criação, lançada em 1947, foi um verdadeiro sucesso. Inclusive, o slogan criado pela Nadir Figueiredo para divulga-la foi “O copo nosso de cada dia”. O copo americano foi parar, inclusive, no Museu de Arte Moderna de Nova York, como parte da mostra “Destinations: Brazil” como um dos itens que representava o país.
Nadir também foi um dos idealizadores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e teve participação nas pesquisas que dariam origem a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Em 1957, foi reconhecido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) como “Líder nº1 da Indústria Brasileira”. O são-joanense também ocupou postos, como a presidência do Sindicato da Indústria de Lâmpadas e Aparelhos Elétricos de Iluminação no Estado de São Paulo.
Figueiredo esteve envolvido na Revolução Constitucionalista de 1932 e no Golpe Militar de 1964. Com seu poder e influência sobre o empresariado paulista, ele exerceu controle político sobre essas entidades, inclusive elegendo todos os presidentes da Fiesp durante 30 anos. Esse grupo passou a pressionar e conspirar contra o governo de João Goulart, inclusive com incentivos financeiros à forças golpistas que derrubaram o governo e instalaram uma Ditadura Militar marcada pela repressão, censura e violência.
De acordo com matéria produzida pelo “O Globo”, Figueiredo se organizou contra a abertura política em 1978, levando um “manifesto empresarial a favor do regime”. Não obteve sucesso, pois o processo de reabertura prosseguiu. A partir de 1980, Nadir Figueiredo vê seu declínio de poder na Fiesp, sendo derrotado pela primeira vez em uma eleição. Anos depois, pouco antes de sua morte, ele vê outro são-joanense em destaque: Tancredo Neves era um dos líderes das manifestações pelas “Diretas Já”.
O empresário faleceu em São Paulo, em abril de 1983. Como homenagem, foi escolhido como o patrono da Escola SENAI, localizada na cidade de Osasco-SP, além de ter recebido uma avenida com seu nome no bairro Vila Maria, na capital paulista. Pelo envolvimento, direto ou indireto, de empresários com a Ditadura e o Golpe Militar, movimentos sociais e ativistas questionam essas homenagens.
Referências:
https://www.sp.senai.br/patrono—nadir-dias-de-figueiredo
https://oglobo.globo.com/politica/o-elo-da-fiesp-com-porao-da-ditadura-7794152
https://casavogue.globo.com/Design/Objetos/noticia/2017/12/historia-do-copo-americano.html
https://exame.com/pop/quem-foi-nadir-figueiredo-o-pai-do-copo-americano/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nadir_Dias_de_Figueiredo#cite_note-Hist%C3%B3ria-2