Com mais de meio século destinado à vida sacerdotal, a figura de Sebastião Raimundo de Paiva, mais conhecido como Monsenhor Paiva, é lembrada pela comunidade são-joanense como um religioso dedicado às obras sacerdotais e, sobretudo, por estar à frente na ação de beatificação de Nhá Chica.
Natural de São João del-Rei, Paiva nasceu no dia 28 de janeiro de 1928, em uma família já numerosa. Uma vez que ele foi a sexta criança dos oito filhos do casal José Leopoldino Paiva e Idalina Maria do Carmo. Importante mencionar que os pais foram as primeiras pessoas a incentivarem a vida religiosa do futuro Monsenhor. Já que as práticas católicas eram muito presentes no cotidiano familiar.
Em 1936, com oito anos de idade, Paiva iniciou seus estudos na Escola João dos Santos e permaneceu na instituição até 1939. Na mesma época, ele recebeu um convite para ser membro da Conferência Vicentina. Nessa organização se buscavam jovens com espírito altruísta e que tivessem interesse em realizar caridade. No ano seguinte, em 1940, ele se tornou aluno de Padres Salesianos no Aspirantado de São João Bosco. A experiência com os Salesianos foi fundamental para a escolha mais importante dele: se tornar sacerdote. Devido a isso,em 1941, ele se mudou para Mariana com o intuito de se tornar seminarista no Seminário Menor.
Em mais de uma década estudando na cidade, ele recebeu diferentes reconhecimentos através das ordens sacerdotais. Em 1953, Paiva encerrou a sua formação e em novembro do mesmo ano foi ordenado presbítero, em Barbacena. No mês seguinte, ele realizou a sua primeira missa, sendo uma celebração solene na Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em São João del-Rei. A missa ocorreu em uma data especial para a cidade: em 08 de dezembro. E foi realizada em honra a Imaculada Conceição de Maria Santíssima.
Na cidade natal, ele passou a ter funções sacerdotais na Igreja de Nossa Senhora do Pilar. Em uma de suas primeiras contribuições para a Matriz, o então presbítero integrou o grupo que ajudou a estruturar o processo de coroação da imagem de Nossa Senhora do Pilar pelo Papa Pio XII, em 1954. Com esse reconhecimento, a Santa passou a ser a padroeira de São João del-Rei. Já em 1955, ele se tornou Vigário Cooperador.
No ano de 1959, o Vigário Paiva contribuiu efetivamente para o nascimento das Obras Sociais da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar (OPS). Através da instituição, ele e os outros responsáveis auxiliaram muitas pessoas através do Clube das Mães, os Centro Catequéticos e a Escola Doméstica. No ano seguinte, a Diocese da cidade foi instaurada e em julho de 1961, por meio dessa organização, ele foi nomeado como Cônego Catedrático. Por seus trabalhos na Cúria Diocesana, o Vigário Paiva passou por todos os postos dentro da instituição e chegou ao ofício de Ecônomo em 1984, permanecendo na função até o ano de 2013.
Após 12 anos, o Vigário assumiu como Pároco. Importante mencionar que em 1967, quando ele assumiu esse novo cargo, a Igreja do Pilar já tinha recebido o título de Catedral Basílica. O futuro Monsenhor esteve presente em cada nova elevação da Matriz. Na nova ocupação, ele esteve à frente da criação de quatro Centros Catequéticos: o de Nossa Senhora do Pilar, o do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, o de Nossa Senhora Auxiliadora e o de Nossa Senhora Aparecida.
Por toda sua entrega à vida sacerdotal, Sebastião Raimundo Paiva recebeu o título de Monsenhor, em 15 de maio de 1971, do Papa Paulo VI. Já com o novo ofício, ele contou com a colaboração de dona Risoleta Neves para a criação de uma creche, no bairro Senhor dos Montes. A instituição foi criada no final dos anos 80 e tem o nome da ex-primeira dama.
Outro grande feito do Monsenhor Paiva foi a contribuição para o processo de beatificação de Nhá Chica. Segundo relatos do religioso para uma entrevista em 2013, ele disse que em 1966 um rapaz trouxe uma caixa endereçada a Paróquia de Nossa Senhora do Pilar. A caixa que tinha como origem a cidade de Belo Horizonte, tinha em seu interior vários livros datados entre 1800 a 1820 com registros de batizados feitos na paróquia de Nossa Senhora do Pilar. E um dos registros era de Nhá Chica.
Esse documento era vital para o processo de beatificação. Acontece que o registro ficou sumido por muito anos e o Monsenhor acabou o encontrando. Com isso, o religioso teve seu nome diretamente ligado ao fato de Nhá Chica ter se tornado beata. A beatificação ocorreu em 2013 e no mesmo ano, ele ainda comemorou o seu Jubileu de Diamante pelos 60 anos de vida sacerdotal.
Aos 86 anos, o Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, faleceu no dia 03 de março de 2014, devido a um acidente vascular cerebral seguido por dois infartos. As solenidades pela morte do religioso causaram uma grande comoção em toda São João del-Rei e repercutiu em outras cidades do estado.
FONTES:
Morre religioso que encontrou certidão de batismo de Nhá Chica (G1).
Morre aos 86 anos em em São João del-Rei o monsenhor Raimundo Sebastião de Paiva (Jornal das Lajes).
Sepultado o corpo do monsenhor Sebastião Raimundo Paiva (O Tempo).
Especial: Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva (Gazeta de São João del-Rei).