Empresário, político e benfeitor, José do Nascimento Teixeira adotou São João del-Rei como sua cidade e exerceu aqui funções importantes para o município por quase duas décadas. Conheça um pouco mais da história de Teixeira e as iniciativas que realizou no município são-joanense.
Nascido em Lagoa Santa, em 25 de dezembro de 1875, Teixeira era filho de Francisco Nery Teixeira e de Ângela Maria de Jesus. Além do futuro político, o casal ainda tinha outros quatro filhos.
No final do século 19, José morava em Mariana, pois era um dos alunos seminário da cidade. Aos 17 anos, deixou o seminário e se mudou para Paraopeba para trabalhar como guarda-livros de uma fábrica de tecidos.
A primeira passagem de Teixeira por São João del-Rei, ocorreu em 1906. Aos 31 anos de idade, ele se tornou gerente da Companhia Industrial Sanjoanense. A permanência no Campo das Vertentes durou seis anos, já que, em 1912, se transferiu para Oliveira, para ser um dos fundadores da Companhia Oliveira Industrial. A empresa era uma sociedade entre Teixeira, Carlos Guedes e Antônio Gonçalves Coelho. No mesmo ano, ele ingressou na vida política, se tornando vereador naquela cidade.
Após mais de uma década, o então empresário e político voltou para São João del-Rei, mais precisamente em 1925. Em seu retorno, ele assumiu a função de diretor na Fábrica Brasil. Durante a sua gestão, a empresa implementou políticas assistencialistas para os funcionários, como preços mais baixos nas refeições servidas no restaurante da organização.
No final da década de 1920, o setor político são-joanense passava por dias atribulados. Como um plano para a pacificação política na cidade, em abril de 1927, José Teixeira foi eleito para integrar a Câmara Municipal de São João del-Rei, na época presidida por Dr. Antônio de Andrade Reis. O cargo no órgão municipal foi o primeiro passo para que o seu nome ficasse marcado na história de nossa cidade.
Em janeiro de 1930, foi fundada a Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei – Instituição em que Teixeira foi eleito o primeiro presidente. No mesmo ano, mas no mês de dezembro, ele tomou posse como prefeito do município. O responsável pela cerimônia foi o Dr. Antônio Fernandes Pinto Coelho, o então Juiz de Direito da Comarca.
O início da gestão municipal de José do Nascimento Teixeira coincidiu com a Revolução de 1930. Temendo pela segurança da população, uma vez que o estado de Minas Gerais era uma localidade importante nesse período político, o então prefeito optou pela rendição do 11º R.I (Batalhão de Infantaria de Montanha), organização militar localizada em São João del-Rei. A medida foi tomada com o objetivo de evitar mortes de militares e da população em geral.
Na segunda metade dos anos 1930, Teixeira passou por um dos momentos mais delicados da sua carreira como prefeito. A cidade foi assolada por racionamento de luz e energia, prejudicando as empresas municipais e claro, todas as pessoas que ali moravam. O governante, diante da grave situação, deliberou a construção de uma usina hidrelétrica. Em janeiro de 1936, foi inaugurada a Usina Hidrelétrica do Carandaí. Construção que foi muito benéfica a São João del-Rei.
Durante uma década, José exerceu os cargos de vice-presidente da Câmara, prefeito e vereador. Em todas as funções que assumiu, Teixeira firmou o compromisso de realizar ações que fossem de serventia para a cidade naquele momento, mas que também tivessem impactos positivos na vida da população no futuro. A sua atuação política terminou, no dia 10 de novembro de 1937, quando foi instaurado o período denominado como Estado Novo, sob o comando do então presidente Getúlio Vargas.
José também foi presidente da Associação Comercial de São João del-Rei (ACI del-Rei) e ainda contribuiu para as obras salesianas na cidade, ajudando na construção do Colégio São João(um internato seminarista para jovens). O trabalho dos salesianos foi muito importante para a cidade. Essa congregação deu início ao projeto que viria se tornar, mais tarde, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Além disso, ele também foi um dos fundadores do extinto jornal “Diário do Comércio” – periódico que circulou por São João del-Rei entre os anos de 1938 a 1964.
Aos 68 anos de idade, José do Nascimento Teixeira faleceu, em 06 de agosto de 1943, deixando sua esposa, a senhora Maria da Conceição Teixeira, e 15 filhos. Em seu sepultamento compareceram representantes de diferentes organizações, políticos, religiosos e a população da cidade, que prestaram uma homenagem ao ex-prefeito. Por sua contribuição no município, em agosto de 1946, foi inaugurado um busto em sua homenagem na Praça Frei Orlando.
Referências:
Nascimento Teixeira, segundo crônica de Gentil Palhares, acrescida de notas bibliográficas da autoria de Sebastião de Oliveira Cintra e Augusto Viegas . Francisco José dos Santos Braga (São João Transparente).
Campus Dom Bosco (UFSJ)
Memórias de fundação: cursos que deram origem à UFSJ completam 65 anos (UFSJ)
Os Salesianos em São João del-Rei (Academia de Letras de São João del-Rei)