O primeiro Gente das Vertentes do ano trás um pouco da história e dos feitos realizados por um homem que contribuiu para o cenário cultural de São João del-Rei e de Minas Gerais: Franklin de Almeida Magalhães. O homenageado exerceu diversas atividades durante a sua vida: seminarista, poeta, jornalista, escritor, professor, diretor e filho dedicado.
Nascido em 22 de fevereiro de 1879, em São João del-Rei, Franklin foi um dos dezoito filhos do segundo casamento de Custódio de Almeida Magalhães, então dono da casa bancária com o mesmo nome. A família dele era considerada uma das mais abastadas da cidade e isso possibilitou que ele estudasse em colégios religiosos e se preparasse para ser padre. No entanto, faltando um ano para se formar no seminário, ele percebeu que essa não era a vida que queria.
Com o abandono do seminário, Franklin teve a oportunidade de viajar o mundo, conheceu inúmeros lugares, monumentos e histórias que, até então, só conhecia por meio de livros.
Ele, então, voltou para São João del-Rei, onde passou os anos que se seguiram se dedicando a cuidar da mãe que sofria de reumatismo. No período, ele também ministrou aulas de história e geografia, embasadas mais por experiências pessoais, do que por livros e teorias. Nesse interim, ele também ocupou o tempo com a escrita das primeiras poesias e com a fundação da Academia (São) Joanense de Letras.
Após a morte da mãe, ele se mudou para Belo Horizonte e instaurou a Academia Mineira de Letras na cidade. Foi na capital mineira que ele participou ativamente de eventos e reuniões ligados a produção literária brasileira. Franklin conviveu com grandes nomes da literatura, como Olavo Bilac e Coelho Neto. Devido a essa proximidade, muitas das obras dele foram reconhecias por diferentes autores.
A vida profissional e pessoal deste são-joanense não ficaram restritas a Belo Horizonte. Além de viagens pelo Brasil, ele também teve como residências outras duas capitais brasileiras: São Paulo e o Rio de Janeiro. Em terras paulistas, ele deu início ao curso de direito e a estadia no Rio ficou marcada pelo trabalho que exerceu no jornal “O País”, no periódico ocupou as funções de diretor e redator.
Mas o que realmente o conquistou foi o trabalho como educador, que nunca deixou de exercer. Foi diretor da Escola Normal N. Sra. De Lourdes, em Santos Dumont e lecionou diversas matérias em vários colégios de Juiz de Fora. Cargos que o tornaram um profissional disputado por outras escolas mineiras. Em um espaço de tempo de 12 meses, Franklin recebeu cinco diferentes propostas de emprego para atuar como docente.
Uma das ofertas de trabalho o levou para Santa Rita do Sapucaí. A instituição foi criada e dirigida por um amigo próximo, fato esse que pesou na decisão dele de se mudar para o município. A cidade se tornou o novo lar de Franklin, foi onde se casou, teve suas duas filhas e foi nomeado como catedrático de Geografia da Escola Normal de Santa Rita do Sapucaí, cadeira que ocupou até a morte.
No final dos anos 30, ele foi levado para o Rio de Janeiro em busca de auxílio médico após sofrer um derrame e no dia 21 de setembro de 1938, aos 59 anos, ele faleceu na capital carioca. Os restos mortais do jornalista, professor, escritor foram enterrados em Santa Rita do Sapucaí.
Quatro anos após a morte dele foi erguido na Praça dos Andrades, em São João del-Rei, um monumento para homenageá-lo. Posteriormente, a obra foi transferida para a sede da Academia de Letras de São João del-Rei, espaço onde também se encontra as dependências da Biblioteca Municipal da cidade. Franklin de Almeida Magalhães ainda recebeu mais duas homenagens após o seu falecimento: foi nomeado como patrono de uma cadeira na Academia Santarritense de Letras e uma rua de São João del-Rei foi batizada com seu nome.
Por Brenda Guerra e Isabela Castro