Nascido em 12 de outubro de 1887, o ortodontista são-joanense Paulo de Almeida Lustosa, mais conhecido como Doutor Lustosa, é a mente por trás da icônica cera analgésica que leva seu sobrenome. Sendo o caçula de doze filhos do advogado João Batista Pimentel Lustosa e Delfina Eugênia de Almeida Lustosa, Paulo se tornou nacionalmente conhecido pela sua criação.
Antes, o irmão mais velho, Carlos de Almeida Lustosa (também conhecido nacionalmente por ser pioneiro da ortodontia no Brasil), exerceu influência para que Paulo seguisse o mesmo caminho. Doutor Lustosa formou-se cirurgião-dentista na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 06 de maio de 1906. Depois, ainda no Rio, trabalhou ao lado do irmão Carlos por cerca de 3 anos até que, esse último, faleceu num trágico acidente envolvendo um bonde, no Largo do Glória.
Em consequência desse episódio, o Doutor Lustosa decide voltar para São João del-Rei e exercer sua profissão na região, inclusive visitando pacientes a cavalo com uma espécie de consultório portátil, devido às dificuldades da época e as grandes distâncias entre as moradias sertanejas.
Sensibilizado pelo sofrimento do povo e também inclinado a ajudá-lo da melhor forma possível, o dentista buscou desenvolver um medicamento que aliviasse a dor de dente, mas que fosse diferente dos medicamentos até então existentes (líquidos e que queimavam a boca pela base de arsênico). A partir disso, tornou-se estudioso, cientista e pesquisador até chegar na fórmula final de sua invenção, tendo a cera de abelha como base ideal para o analgésico.
O sobrado conhecido hoje como “Solar dos Lustosa”, no Largo do Rosário, pertenceu aos avós maternos do dentista e foi onde ele viveu com sua família e abriu seu consultório. Em 1986, Dr. Paulo de Almeida Lustosa faleceu aos 99 anos de idade. A famosa Cera Dr. Lustosa foi comercializada até 2009, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deixou de renovar a concessão do produto e vetou sua comercialização. Em 2013, Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio de São João del-Rei entrou com processo de tombamento do Laboratório Lustosa, para ser preservado como parte do patrimônio da cidade.
Por João Victor Militani