Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira nasceu em 3 de dezembro de 1759, em São João del-Rei. Seu currículo revela um histórico de mineradora, visionária política e poetisa, além de uma exemplar formação religiosa, social e cultural. Algumas pesquisas exaltam Bárbara Heliodora como “Heroína da Inconfidência Mineira”, acreditando ter sido a primeira mulher que se tem notícias a participar de um movimento político.
Mulher de Alvarenga Peixoto e filha de José da Silveira e Sousa e Maria Josefa Bueno da Cunha, em algumas pesquisas é apresentada como descendente de Amador Bueno, O Aclamado rei de São Paulo em 1641.
Apaixonou-se por Alvarenga Peixoto, que estudou direito na Universidade de Coimbra e seguiu carreira na magistratura portuguesa, tendo sido juiz na cidade de Sintra. Retornou ao Brasil tornando-se recém Ouvidor da Comarca do Rio das Mortes, sediada em São João del-Rei. Tiveram a primeira filha em 1779 e oficializaram a união em 1781, pela portaria do Bispo de Mariana. Seis anos depois vieram José Eleutério, João Evangelista, em 1788, e Tristão, em 1789.
Anos depois, descoberto o envolvimento na Inconfidência Mineira, seu marido foi preso e a Coroa Portuguesa retirou sua honra ao declará-lo infame e exilá-lo na África, onde morreu afastado da família. Os bens foram confiscados, entretanto, Bárbara declarou ser casada em regime de comunhão de bens, conseguindo a alienação de uma parte, incluindo o sobrado colonial onde a família morava em São João del-Rei.
A edificação do século XVIII permaneceu ligada aos herdeiros, tornou-se residência no século seguinte e foi adquirida pela administração local, permanecendo conservada e abrigando atualmente o Museu Municipal, localizado na Praça Frei Orlando, próximo à Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei.
Outra parte dos bens foi arrematada em um leilão, a pedido de Bárbara, por João Rodrigues de Macedo, amigo de Peixoto, importante comerciante, banqueiro e contratador na Capitania. Bárbara passou a viver com sua irmã e os herdeiros do casal – exceto a filha mais velha, que teve a vida interrompida ao acidentar-se caindo de um cavalo.
Viveu seus últimos anos na vila Campanha da Princesa, onde hoje localiza-se o município de São Gonçalo do Sapucaí. Seguiu mantendo propriedades de mineração e agricultura, em sociedade com o compadre Macedo.
Morreu no dia 24 de maio de 1819 e foi sepultada na Igreja Matriz de São Gonçalo do Sapucaí, “das grades para cima”, expressão que indicava distinção social, sepultada perto do altar e dos santos. Recebeu todos os sacramentos, foi envolta no hábito de Nossa Senhora do Carmo e acompanhada por 9 sacerdotes que lhe fizeram ofício de nove lições e missa de corpo presente.
Em meados da década de 1920 seus ossos foram trasladados para o cemitério local e ali enterrados em vala comum. Em 2019, recebeu o título de cidadania in memoriam pela Câmara Municipal de Ouro Preto, no Panteão dos Inconfidentes, incentivando autoridades à busca pelos restos de Bárbara, enterrados em local incerto há mais de 230 anos.
Referências: