No dia 05 de junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, data propícia à reflexão sobre as ações humanas sobre a natureza, principalmente em um momento tão peculiar onde as taxas de depredação dos recursos naturais têm subido muito em relação a anos anteriores.
Em março, o Museu Regional de São João del Rei promoveu a II Semana do Patrimônio, momento em que tivemos rodas de conversa onde se discutiu o patrimônio em suas diversas nuances. Entre elas, destacou-se o patrimônio natural, com o tema da Serra do Lenheiro, importante patrimônio natural e cultural da cidade. Hoje, em que se comemora o dia do meio ambiente, propõe-se apresentar um resumo dos relevantes aspectos levantados no encontro.
Participaram da discussão o folclorista e pesquisador Ulisses Passarelli; Luiz Miranda, técnico em Turismo e confrade do Instituto Histórico e Geográfico de São João del Rei, e o professor José Saraiva Cruz do IF Sudeste, do curso de Gestão Ambiental e do curso Técnico em Meio Ambiente.
Os dois primeiros realizam um trabalho de mapeamento da Serra do Lenheiro que resultará, em breve, na publicação de um dossiê “revelador da riqueza da Serra e de seu patrimônio” segundo o próprio Ulisses Passarelli. Já o professor Saraiva, realizou projetos junto à escolas tendo como tema a Serra do Lenheiro, além de ter sido convidado pela Prefeitura Municipal e pelo Ministério Público a participar da formação do Conselho do Parque Ecológico da Serra do Lenheiro. Relembre aqui:
Durante a roda de conversa foram levantadas algumas questões, entre elas, a indiscutível relevância da Serra do Lenheiro para a cidade. Antes de tudo, ela faz parte da identidade local. A população a utiliza como espaço de lazer e balneário. Mas além disso, há uma relação afetiva: “a Serra emoldura a cidade, como uma mãe protetora, se debruça sobre ela, nutre e protege” (Ulisses Passarelli). Historicamente, ela abasteceu a cidade de recursos naturais, necessários ao seu desenvolvimento, entretanto, seu potencial cultural ainda não é totalmente explorado.
Foi ressaltado ainda que a Serra do Lenheiro é um reservatório de água que abastece a cidade e essa é uma das muitas justificativas para a sua preservação, pois segundo o Ulisses “a caixa d’água está doente”. É notório que as nascentes estão secando devido a degradação e desmatamento e, futuramente se nada for feito, poderá gerar crises hídricas.
Ainda há outros problemas como falta de fiscalização e administração, estrutura de apoio e segurança ao visitante, falta de programa educativo mais efetivo para conscientização de seus usuários da forma adequada da sua utilização, com consciência e respeito.
Segundo o professor Saraiva, a Serra é fonte de interesse de diversas áreas do conhecimento, pois seus atrativos são também diversos: pinturas rupestres, o canal dos ingleses, fontes de água para lazer, trilhas na mata, geodiversidade, entre outros.
Para ele, um programa educativo amplo que levasse a conscientização dos estudantes dos diversos níveis de escolaridade poderia contribuir para o envolvimento da população na sua preservação, na sua valorização não só como patrimônio natural e cultural, mas também como potencial agente de desenvolvimento do turismo e lazer para a população local.
O que podemos fazer de imediato?
A fala dos participantes é unânime: devemos cuidar para que a Serra não se queime. Todo ano, principalmente no inverno, onde a temporada de seca atinge a vegetação, os incêndios aumentam e causam danos irreparáveis e acabam com a vida de diversas espécies. A natureza demora para recuperar e muito dela pode ser extinto! Outra atitude de amor à Serra é não poluir, nem deixar seu lixo por lá quando visitá-la. Se possível, recolher o lixo que encontrar por lá. A conscientização parte de cada um de nós, faça sua parte.