Nascido da Destruição
Entre 1782 e 1884, São João del-Rei teve muitos teatros, casas de ópera e outros ambientes que foram sedes para espetáculos teatrais e musicais. Entre eles, o Teatro São Joanense, inaugurado em 1839 na Rua da Prata. Esse, por sua vez, desabou exatamente meio século após ser aberto, no dia 7 de dezembro de 1889. Dos destroços surgiu a necessidade de um novo teatro, que apresentasse a mesma grandeza e conforto do anterior. Com isso, em agosto de 1890 um terreno em frente ao Córrego do Lenheiro foi comprado da Santa Casa da Misericórdia e, nesse espaço, em 02 de fevereiro de 1893, foi inaugurado o Teatro Municipal de São João del-Rei.
Uma mudança de estilo?
A construção que, hoje, vemos no centro de São João del-Rei não é o projeto original do edifício, construído em 1890. Em 1913, uma grande reforma fechou o teatro. O novo projeto, feito por Gabriel Galante, pelo Engenheiro Dr. Haroldo Paranhos e modificada pelo Engenheiro Dr. Archimedes Memória, transformaria a construção no que ela é hoje. Trazendo o estilo greco-romano, com portas grandiosas, as colunas gregas, as estátuas, decorações e alegorias que remetem ao teatro, a música e a arte como um todo. Quase irreconhecível quando comparada a fachada original, que possuía uma enorme escada externa que levava ao segundo andar, grandes janelas, sacadas e grades de metal. A nova versão foi inaugurada em 13 de janeiro de 1925.
Uma casa de exibições
Desde o nome até o motivo de sua criação, o Teatro Municipal de São João del-Rei não deixa dúvida sobre o que acontece entre suas paredes. De qual tipo de espetáculo toma o palco em modelo italiano durante as apresentações artística. No entanto, no dia 12 de setembro de 1907 um filme foi exibido no estabelecimento. O primeiro passo, que viria a transformar o prédio do teatro em, também, um cinema. Em 1908, o prédio foi comprado pela Firma Faleiro e Cia., e se tornou oficialmente uma sede para exibições cinematográficas. Foi sobre essa administração que, em 1909, o edifício passou por melhorias que o adequaram ao mundo dos filmes. É importante ressaltar que na história da cidade, aquele espaço foi o primeiro a ser uma construção fixa destinada a exibição de longas. O Teatro apresentou filmes até a década de 1960.
Um patrimônio abandonado
Infelizmente, o edifício do Teatro Municipal, mesmo tombado como patrimônio municipal, chegou à década de 1990 em estado de abandono, sem a mínima infraestrutura para receber qualquer público ou espetáculo. Foi em 1998 que o descaso com o prédio mobilizou a população. A campanha “Acorda São João del-Rei, salve o Teatro Municipal!”, que tinha o objetivo de revitalizar o local, foi iniciada por Adenor Luiz Simões Coelho e a aderência foi em nível nacional, com apoio de iniciativas privadas e do Instituto Histórico e Geográfico. O resultado do esforço foi positivo. Naquele mesmo ano, após união entre o Ministério da Cultura e a Prefeitura de São João, os serviços de reforma e restauração começaram e, em 2003, o Teatro estava mais uma vez em funcionamento, agora modernizado e mais estruturado.
Por toda parte: homenagens
Todo o prédio que sedia o Teatro Municipal de São João del-Rei, é uma homenagem a arte. Não apenas ao teatro, mas também à música e à poesia. As estátuas que chamam atenção, olhando a cidade do topo do edifício, são representações do deus Apolo – patrono grego das artes, da música e da poesia – e de duas musas da arte. Mas não para por aí. Além da alegorias mitológicas, há também, gravados nas paredes da fachada, nomes de artistas conceituados que fizeram parte da história deste teatro, como: Said Halle Najm, Alvarenga Peixoto, Severiano de Resende, Rodrigues de Melo, Ribeiro Bastos e Cláudio Manoel. Por último, mas não menos importante, há uma homenagem à própria São João del-Rei, na forma do brasão da cidade que decora a fronte do prédio.
Fontes:
Instituto Histórico e Geográfico
Fernandes, Marcos Antônio. A Modernidade e os Cinemas na Cidade de São João del-Rei (1905 – 1961): Registros Arquitetônicos do Teatro Municipal, Cine Glória e Clube Teatral Arthur Azevedo. São João del-Rei, 2019